quinta-feira, 23 de maio de 2013

O DESAFIO COMEÇA AGORA.


Olá meu Brasil!!!

Diretamente de São Paulo (rs), preciso escrever meu ultimo parecer do ultimo dia de Congresso em La Paz.

Como havia comentado no post anterior, na terça-feira (21) aconteceu as atividades do último dia de Congresso Cultura Viva Comunitária.

Começamos a manhã na atividade com as conclusões dos Círculos de Visões das mesas que rolarão no dia anterior. Os mesmos grupos se reuniram e a proposta foi chegarmos numa conclusão para ser apresentada para todos no encerramento. Na Mesa que participei, o resultado foi bem criativo e direto, discutindo a importância e necessidade articulação conjunta e conversa entre os Fazedores de Cultura e o Poder Publico.





No fim da tarde aconteceu a reunião da Delegação Brasileira do Congresso. E é especialmente disso que queria falar hoje.

Cheguei no local no inicio da reunião, no meio da fala do Alexandre Santini (um dos principais organizadores do Congresso) que resumia as atividades do Congresso para os demais.

Após isso, abriu-se a fala para todos que estavam presentes. Cerca de 25 pessoas falaram. Ponteiros de várias regiões, mestres, indígenas, Célio Turino, fazedores de cultura. Cada um que quisesse podia dar sua impressão do Congresso e sua proposta para o futuro, expectativa do movimento, etc.

Alguns dos pontos importantes que foram levantados:

1      - A necessidade da maior valorização da Cultura Negra e Indígena no nosso país.
Muitos Mestres Griôs e multiplicadores da Cultura Negra estavam presentes na delegação brasileira do Congresso. Sempre muito ativos, participaram de praticamente todas as atividades do Congresso, as vezes com seus tambores gritantes, as vezes com seus discursos fortes, mas sempre se destacando e demonstrando a força e o poder da sua cultura contagiante.

Alguns indígenas brasileiros também estavam presentes contagiando a todos com sua cultura, demonstrada diretamente pelas pinturas no corpo e vestimentas indígenas nas atividades do Congresso.

A razão pela qual a necessidade de valorização dessas duas culturas foram colocadas em pauta e muito faladas são basicamente por alguns motivos de ação ou falta de ação da sociedade brasileira.

Essas duas culturas tradicionais não tem um valor digno e uma importância significativa, segundo o que se pode ver, nem para o poder publico, nem para a população em geral brasileira.

Enfatizar e incentivar essas culturas é como potencializar nossos antepassados, nossos ancestrais, nossa história.

Muitos, hoje no Brasil, parecem prefirir “ignorar” nossa história, de onde realmente viemos e o inicio do desenvolvimento da nossa sociedade, seja por uma opção consciente, como um ato de “vergonha”, seja uma atitude de influencias já intrínsecas na gente, como por influência e efeito do sistema que vivemos que defende e age para que entremos numa cultura padrão, numa cultura hegemônica, o que se falando num país como o Brasil... é uma loucura gigantesca.

O principal problema é que se continuarmos não explorando (no bom sentido), ignorando e não aceitando nosso inicio e nossa rela história, vai ser MUITO difícil entender o porque nós, como coletivo (sociedade), somos assim hoje e principalmente o porque o Brasil é assim hoje.  Sendo fatores que agem diretamente no nosso desenvolvimento, seja como sociedade, seja como país.

Ou seja, conseguiremos agir, tendo um bom desenvolvimento no futuro, a partir do conhecimento do nosso passado e atitude no nosso presente. Tudo influencia no processo e o desenvolvimento do nosso país depende de TODOS os brasileiros, TODAS as atitudes e TODAS as consciências do sistema. (Rs...assunto para páginas e páginas de blog. Paremos por aqui então.)



2      – Aprovação da Lei Cultura Viva e Lei Griô.

O programa Cultura Viva foi criado em 2005 e surgiu para estimular e fortalecer no país a rede de criação e gestão cultural, tendo como base os Pontos de Cultura. (Fonte: Porta EBC, http://www.ebc.com.br/cultura/2012/11/lei-cultura-viva-e-aprovada-na-comissao-de-financas-e-tributacao-da-camara)

A Lei Cultura Viva ainda está em processo de aprovação, onde passou no dia 28 de novembro de 2012 pela aprovação unanime pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara.

A Lei Griô, em tramitação no congresso nacional, tem como objetivo a valorização dos mestres e mestras portadores dos saberes e fazeres da cultura oral e o fomento da transmissão desta tradição. Seu principal mecanismo é a oferta de bolsas de incentivo para os griôs, mestres da tradição oral, para que eles promovam o encontro de tais saberes com a educação formal através de encontros regulares de compartilhamento e troca de experiências de educação e cultura. (Fonte: coletivogriot.blogspot.com.br – Data: 14/2/2013)

A Lei Griô não propõe uma ação assistencial e sim a construção de uma política de transmissão dos saberes e fazeres da tradição oral, em diálogo com a educação formal. Na mobilização nacional desde 2005, o conceito Griô foi sendo incorporado como elemento simbólico e integrador de todas as tradições do país.

Neste momento, algumas lideranças da rede de culturas populares de São Paulo, que estavam sem movimentação nos últimos anos, elegeu como presidente de honra um dos membros da comissão nacional dos Griôs e Mestres, e expressaram o interesse em conhecer a proposta de substitutivo da Lei Griô, em função do fato de terem há alguns anos atrás desenhado uma proposta de lei dos mestres para São Paulo. A Rede Ação Griô, a Comissão Nacional dos Griôs e Mestres em parceria com a Frente Parlamentar de Cultura do Congresso Nacional, estão em um momento de apresentá-los para que seja alinhado com todos os interessados as contribuições importantes à Lei Griô. Porém, está bem claro que a Lei Griô é de autoria coletiva, de diversos movimentos. Portanto continuamos nossas conversas com diversos militantes e organizações que representam a sociedade civil, a exemplo do Conselho Estadual de Cultura da Bahia, o Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Cultura, dos quais sou presidente, e brevemente com o Conselho Nacional de Cultura, do qual sou membro, no sentido de ampliar mais ainda a legitimidade e autoria da lei como resultado dos movimentos e redes sociais que protagonizam ou dialogam com as tradições. (Fonte: www.achagrio.org.br - Post do Marcio Pial. Data: 13/03/2013)

Foi citado na reunião da Delegação Brasileira no Congresso que haja uma pressão geral e um comprometimento de algumas autoridades para a aprovação dessas duas leis no Brasil, ainda esse ano.

3      – Pedido para o poder publico o comprometimento de 1% para a Cultura no país e 0,1% para a Cultura Viva Comunitaria.

Um dos resultados esperados do Congresso é a realização de um documento oficial que teria essa proposta de comprometimento: de que 1% seja direcionado para a Cultura Viva, e 0,1% seja direcionado para o Cultura Viva Comunitária.

Além desse pedido humilde, o documento foi elaborado com sanções e pedidos específicos para ser conversado com as autoridades de todos os países Latino Americanos.

4      – Rede da Cultura brasileira

Foi realizado pelo “Soy Loco por Ti”, multiplicadores da cultura digital livre, um cadastro com todos os Pontos de Cultura presentes no Congresso, resultando num grande mapa da cultura latino-americana, ferramenta que pode ajudar no fortalecimento das relações regionais.

O mapa ainda não está disponível, mas pretendo colocar o endereço aqui quando tiver mais novidades sobre essa ferramenta.

5      – Próximo Congresso Latino Americano da Cultura Viva Comunitária

Um dos últimos assuntos colocados pelos organizadores foi a possibilidade e pretensão de um próximo Congresso em 2015.

Comentou-se a ideia de ser no Brasil, mais especificadamente no campus da UNILA (Universidade Federal de Integração Latino Americana) que fica em Foz do Iguaçu, Paraná.

A possibilidade de ser nesse local foi idealizada principalmente por a universidade estar localizada numa região Trinacional, formada por Argentina, Paraguai e Brasil.

Logo que a proposta foi citada, começaram algumas opiniões, algumas a favor, pela potencialidade da região, afinal é um Congresso latino americano, outras contra, como o fato dos custos dos participantes, uma vez que o nosso dinheiro, o Real é muito caro comparado a outros da América Latina.

Um exemplo disso é nossa experiência no Congresso mesmo. 1 Real representava 3 bolivianos (como é chamado o dinheiro da Bolivia).

Na minha opinião tanto faz o local, mas se for no Brasil, que realmente consigamos representar e atuar no sentido Cultura Viva COMUNITARIA, no planejamento, organização, pré-produção e produção do Congresso.

Dentre muitos discursos emocionantes e falas encorajadoras, esses foram os 5 pontos que consegui tirar de importante na nossa ultima reunião da Delegação Brasileira.



Sobre a questão de como realmente será a continuidade do movimento Cultura Viva Comunitária que coloquei ontem, repito que tudo vai depender de cada um que estava lá para sentir aquela energia e com certeza de cada um que pode estar sentindo a energia só pelo ato de ler esses ou qualquer outro relato sobre a Cultura Viva Comunitária.

Ou seja, a continuidade e poder de todo esse movimento de cultura depende de mim e depende de você. Que todos sejamos ativos, num processo HORIZONTAL, onde EU sou como VOCÊ e TODOS são importantes IGUALMENTE.

O desafio começa AGORA.

Natalia Benite

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