Olá meu Brasil!!!
Diretamente de São Paulo (rs), preciso escrever meu ultimo
parecer do ultimo dia de Congresso em La Paz.
Como havia comentado no post anterior, na terça-feira (21)
aconteceu as atividades do último dia de Congresso Cultura Viva Comunitária.
Começamos a manhã na atividade com as conclusões dos
Círculos de Visões das mesas que rolarão no dia anterior. Os mesmos grupos se
reuniram e a proposta foi chegarmos numa conclusão para ser apresentada para
todos no encerramento. Na Mesa que participei, o resultado foi bem criativo e
direto, discutindo a importância e necessidade articulação conjunta e conversa
entre os Fazedores de Cultura e o Poder Publico.
No fim da tarde aconteceu a reunião da Delegação Brasileira
do Congresso. E é especialmente disso que queria falar hoje.
Cheguei no local no inicio da reunião, no meio da fala do
Alexandre Santini (um dos principais organizadores do Congresso) que resumia as
atividades do Congresso para os demais.
Após isso, abriu-se a fala para todos que estavam presentes.
Cerca de 25 pessoas falaram. Ponteiros de várias regiões, mestres, indígenas,
Célio Turino, fazedores de cultura. Cada um que quisesse podia dar sua
impressão do Congresso e sua proposta para o futuro, expectativa do movimento,
etc.
Alguns dos pontos importantes que foram levantados:
1
- A necessidade da maior valorização da Cultura
Negra e Indígena no nosso país.
Muitos Mestres Griôs e
multiplicadores da Cultura Negra estavam presentes na delegação brasileira do
Congresso. Sempre muito ativos, participaram de praticamente todas as
atividades do Congresso, as vezes com seus tambores gritantes, as vezes com
seus discursos fortes, mas sempre se destacando e demonstrando a força e o
poder da sua cultura contagiante.
Alguns indígenas brasileiros
também estavam presentes contagiando a todos com sua cultura, demonstrada
diretamente pelas pinturas no corpo e vestimentas indígenas nas atividades do
Congresso.
A razão pela qual a necessidade
de valorização dessas duas culturas foram colocadas em pauta e muito faladas
são basicamente por alguns motivos de ação ou falta de ação da sociedade
brasileira.
Essas duas culturas tradicionais
não tem um valor digno e uma importância significativa, segundo o que se pode
ver, nem para o poder publico, nem para a população em geral brasileira.
Enfatizar e incentivar essas
culturas é como potencializar nossos antepassados, nossos ancestrais, nossa
história.
Muitos, hoje no Brasil, parecem
prefirir “ignorar” nossa história, de onde realmente viemos e o inicio do desenvolvimento
da nossa sociedade, seja por uma opção consciente, como um ato de “vergonha”,
seja uma atitude de influencias já intrínsecas na gente, como por influência e
efeito do sistema que vivemos que defende e age para que entremos numa cultura
padrão, numa cultura hegemônica, o que se falando num país como o Brasil... é
uma loucura gigantesca.
O principal problema é que se
continuarmos não explorando (no bom sentido), ignorando e não aceitando nosso
inicio e nossa rela história, vai ser MUITO difícil entender o porque nós, como
coletivo (sociedade), somos assim hoje e principalmente o porque o Brasil é
assim hoje. Sendo fatores que agem
diretamente no nosso desenvolvimento, seja como sociedade, seja como país.
Ou seja, conseguiremos agir,
tendo um bom desenvolvimento no futuro, a partir do conhecimento do nosso
passado e atitude no nosso presente. Tudo influencia no processo e o
desenvolvimento do nosso país depende de TODOS os brasileiros, TODAS as
atitudes e TODAS as consciências do sistema. (Rs...assunto para páginas e
páginas de blog. Paremos por aqui então.)
2
– Aprovação da Lei Cultura Viva e Lei Griô.
O programa Cultura
Viva foi criado em 2005 e surgiu para estimular e fortalecer no país a rede de
criação e gestão cultural, tendo como base os Pontos de Cultura. (Fonte: Porta
EBC,
http://www.ebc.com.br/cultura/2012/11/lei-cultura-viva-e-aprovada-na-comissao-de-financas-e-tributacao-da-camara)
A Lei Cultura Viva
ainda está em processo de aprovação, onde passou no dia 28 de novembro de 2012
pela aprovação unanime pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara.
A Lei Griô, em tramitação no congresso nacional,
tem como objetivo a valorização dos mestres e mestras portadores dos saberes e
fazeres da cultura oral e o fomento da transmissão desta tradição. Seu
principal mecanismo é a oferta de bolsas de incentivo para os griôs, mestres da
tradição oral, para que eles promovam o encontro de tais saberes com a educação
formal através de encontros regulares de compartilhamento e troca de
experiências de educação e cultura. (Fonte: coletivogriot.blogspot.com.br –
Data: 14/2/2013)
A Lei Griô não propõe uma ação
assistencial e sim a construção de uma política de transmissão dos saberes e
fazeres da tradição oral, em diálogo com a educação formal. Na mobilização
nacional desde 2005, o conceito Griô foi sendo incorporado como elemento
simbólico e integrador de todas as tradições do país.
Neste momento,
algumas lideranças da rede de culturas populares de São Paulo, que estavam sem
movimentação nos últimos anos, elegeu como presidente de honra um dos membros
da comissão nacional dos Griôs e Mestres, e expressaram o interesse em conhecer
a proposta de substitutivo da Lei Griô, em função do fato de terem há alguns
anos atrás desenhado uma proposta de lei dos mestres para São Paulo. A Rede
Ação Griô, a Comissão Nacional dos Griôs e Mestres em parceria com a Frente
Parlamentar de Cultura do Congresso Nacional, estão em um momento de
apresentá-los para que seja alinhado com todos os interessados as contribuições
importantes à Lei Griô. Porém, está bem claro que a Lei Griô é de autoria
coletiva, de diversos movimentos. Portanto continuamos nossas conversas com
diversos militantes e organizações que representam a sociedade civil, a exemplo
do Conselho Estadual de Cultura da Bahia, o Fórum Nacional dos Conselhos
Estaduais de Cultura, dos quais sou presidente, e brevemente com o Conselho
Nacional de Cultura, do qual sou membro, no sentido de ampliar mais ainda a
legitimidade e autoria da lei como resultado dos movimentos e redes sociais que
protagonizam ou dialogam com as tradições. (Fonte: www.achagrio.org.br - Post
do Marcio Pial. Data: 13/03/2013)
Foi citado na
reunião da Delegação Brasileira no Congresso que haja uma pressão geral e um
comprometimento de algumas autoridades para a aprovação dessas duas leis no
Brasil, ainda esse ano.
3 – Pedido para o poder publico o comprometimento de 1% para a Cultura no país e 0,1% para a Cultura Viva
Comunitaria.
Um dos resultados
esperados do Congresso é a realização de um documento oficial que teria essa
proposta de comprometimento: de que 1% seja
direcionado para a Cultura Viva, e 0,1% seja direcionado para o Cultura
Viva Comunitária.
Além desse pedido
humilde, o documento foi elaborado com sanções e pedidos específicos para ser
conversado com as autoridades de todos os países Latino Americanos.
4 – Rede da Cultura brasileira
Foi realizado pelo
“Soy Loco por Ti”, multiplicadores da cultura digital livre, um cadastro com
todos os Pontos de Cultura presentes no Congresso, resultando num grande mapa
da cultura latino-americana, ferramenta que pode ajudar no fortalecimento das
relações regionais.
O mapa ainda não
está disponível, mas pretendo colocar o endereço aqui quando tiver mais novidades
sobre essa ferramenta.
5 – Próximo Congresso Latino Americano da Cultura Viva Comunitária
Um dos últimos
assuntos colocados pelos organizadores foi a possibilidade e pretensão de um
próximo Congresso em 2015.
Comentou-se a
ideia de ser no Brasil, mais especificadamente no campus da UNILA (Universidade
Federal de Integração Latino Americana) que fica em Foz do Iguaçu, Paraná.
A possibilidade de
ser nesse local foi idealizada principalmente por a universidade estar
localizada numa região Trinacional, formada por Argentina, Paraguai e Brasil.
Logo que a
proposta foi citada, começaram algumas opiniões, algumas a favor, pela
potencialidade da região, afinal é um Congresso latino americano, outras
contra, como o fato dos custos dos participantes, uma vez que o nosso dinheiro,
o Real é muito caro comparado a outros da América Latina.
Um exemplo disso é
nossa experiência no Congresso mesmo. 1 Real representava 3 bolivianos (como é
chamado o dinheiro da Bolivia).
Na minha opinião
tanto faz o local, mas se for no Brasil, que realmente consigamos representar e
atuar no sentido Cultura Viva COMUNITARIA, no planejamento, organização,
pré-produção e produção do Congresso.
Dentre muitos
discursos emocionantes e falas encorajadoras, esses foram os 5 pontos que consegui
tirar de importante na nossa ultima reunião da Delegação Brasileira.
Sobre a questão
de como realmente será a continuidade do movimento Cultura Viva Comunitária que
coloquei ontem, repito que tudo vai depender de cada um que estava lá para
sentir aquela energia e com certeza de cada um que pode estar sentindo a
energia só pelo ato de ler esses ou qualquer outro relato sobre a Cultura Viva
Comunitária.
Ou seja, a
continuidade e poder de todo esse movimento de cultura depende de mim e depende
de você. Que todos sejamos ativos, num processo HORIZONTAL, onde EU sou como
VOCÊ e TODOS são importantes IGUALMENTE.
O desafio começa
AGORA.
Natalia Benite
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